segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Critica a Insensato Coração

"Insensato Coração": a melhor novela dos últimos anos


"Insensato Coração" chegou ao fim. Enquanto uns lamentam, outros comemoram. Aos que comemoram, fica a pergunta: será que vocês não estariam condicionados a criticar toda novela que estreia? Agradá-los parece tarefa impossível. "A Favorita" (2008), tida como a grande perfeição da teledramaturgia, virou uma espécie de referência inatingível. Nada mais agrada. Isso já está ficando chato e bem suspeito.

Mas vou me dirigir agora aos que lamentam o fim de "Insensato Coração". Afinal, esse post não tem como objetivo avaliar a novela pesando prós e contras - uma inifinidade de blogueiros estão fazendo isso, então... A seguir, dez pontos que fizeram do foltetim de Gilberto Braga e Ricardo Linhares a melhor novela dos últimos anos.

1. Norma
Uma vilã? Não. Tendo esse detalhe devidamente esclarecido, podemos dizer que Norma foi um dos personagens mais complexos da nossas novelas. Tanto foi que muitos ficaram confusos na hora de defini-la. Enquanto alguns veículos de comunicação lhe pintaram como megera, outros lhe chamaram de mocinha. Aliás, não foram poucas as qualificações dadas à Norma: vilã, mocinha, viúva, ex-enfermeira, ex-presidiária... A vingança contra Léo (Gabriel Braga Nunes), tão aguardada pelo público, soou boba e infantil, mas logo foi justificada. A intenção da viúva não era destruir o bandido que lhe deu um golpe no passado, mas sim fazer dele um homem submisso, apaixonado, seu... Aniquilá-lo seria um plano B. Muitos não entenderam isso e passaram a odiar a personagem quando ela passou de inimiga a grande defensora do mau-caráter.


2. Gloria Pires
Impossível falar de Norma e Gloria Pires em um único tópico. A atriz estava precisando de um personagem do calibre de Norma desde a Nice, de "Anjo Mau" (1997). Extremamente natural, Gloria brilhou tanto na primeira (humilde) quanto na segunda fase (rica, fina e inesitante) da protagonista, mostrando que seu talento não conhece fronteiras. Com o perdão do trocadilho, que venha a glória em forma de prêmios por mais este belíssimo trabalho.


3. Gabriel Braga Nunes / Léo
Com a desistência de Fábio Assunção, Malvino Salvador e Márcio Garcia chegaram a ser cogitados para interpretar Léo. Teria sido trágico. Ainda bem que Gabriel Braga Nunes estava dando sopa por ali, recém-saído da Record e ainda exorcizando o Tony Castellamare ("Poder Paralelo", 2009). O filho da Regina Braga mostrou todo seu valor e fez do personagem um vilão inesquecível. Uma ser ambicioso, invejoso, mau-caráter, amoral, canalha, assassino, covarde, cruel, sádico... Motivos não faltarão para odiarmos Léo, mas uma característica em especial tornou isso impossível: o vilão era incapaz de revidar um soco, evidenciando um lado ingênuo e frágil do personagem. Gabriel entra agora para o hall de grandes atores brasileiros. Papel coadjuvante é coisa do passado.


4. Bibi e Douglas
A ideia dos autores era fazer o público torcer pelo amor de Pedro (Eriberto Leão) e Marina (Paola Oliveira). Não deu. O casal, mera peça burocrática no folhetim, virou até motivo de piada nas redes sociais. Quem agradou mesmo foi uma dupla afinadíssima e pra lá de divertida: Bibi (Maria Clara Gueiros) e Douglas (Ricardo Tozzi). Os refletores ficaram por um bom tempo focados neles. Isoladamente, os personagens também esbanjaram carisma e enriqueceram o dicionário de pérolas da ficção, causando frenesi no público. "Eu adoro futebol, mas só sei o nome dos jogadores, de alguns, os de coxa grossa! De time, não entendo nada", soltou a perua. Já Douglas, com seu jeito bobo e atrapalhado, ficará marcado pelo "Bibiã" e seu rico "conteúdo interior". Tozzi, aliás, merece palmas por seu excelente desempenho.


5. Natália do Vale
Após 31 anos, Gilberto Braga e Natália do Vale se reencontraram. Pra quem não lembra ou não sabe, a atriz teve seu talento reconhecido após "Água Viva" (1980), folhetim de grande sucesso do autor. Desta vez, no entanto, a parceria não foi tão feliz, mas nada ruim. Wanda foi uma mãe superprotetora, grande responsável pelo caráter vil do filho Léo. Por ele, ela foi capaz de tudo, inclusive matar Norma para protegê-lo da prisão. Dela, destaco aqui as cenas de briga com Raul (Antônio Fagundes), os embates com Tia Neném (Ana Lúcia Torre), o momento em que descobre que seu primogênito está morto e sua última cena, numa cama, depressiva, delirando, emocionada. Natália foi quem mais brilhou no último capítulo.


6. Tia Neném
Quando rascunharam o perfil de Tia Neném, Gilberto e Ricardo não imaginavam que ela ganharia vida própria na trama. Foi uma grata supresa! Prevista para deixar a história em meados de abril, a personagem agradou tanto o público que acabou ficando até o último capítulo. Sempre com uma taça de licor nas mãos e tecendo comentários inconvenientes. O único porém fica por conta do tom racista que a personagem apresentou em algumas cenas. Nada que tire o brilho da figuraça que Tia Neném foi, mas que poderia ter sido deixado de lado no texto.


7. Eunice
Comentei, antes da estreia, que Eunice seria um dos melhores personagens de "Insensato Coração". Dito e feito. A dondoca disse mil e uma barbaridades, destilou litros de veneno, fez de tudo para entrar para a elite carioca e acabou servindo cafezinho em um ateliê de moda. Eunice entra para a galeria de alpinistas sociais que amamos na ficção. Mais um show de interpretação da sempre ótima Deborah Evelyn.


8. Cristina Galvão
Conhecida por seus papéis de pouco destaque em novelas de Aguinaldo Silva, Cristina Galvão ganhou um espaço interessante e merecido em "Insensato Coração". A relação de amizade sincera entre Jandira e Norma foi uma das coisas mais bonitas vistas na trama.


9. Gays
Nunca uma novela tratou a homossexualidade com tanta veemência quanto "Insensato Coração". Mesmo diante da covardia da Globo, os autores conseguiram passar a mensagem que queriam, combatendo a intolerância, o preconceito, a homofobia... O beijo, aguardado há anos, infelizmente, ficará para uma próxima oportunidade.


10. Menções honrosas
- Como prometido, Deborah Secco e Leonardo Miggiorin formaram uma dupla "megabafônica". Dá até pra lançar uma cartilha com as gírias de Natalie Lamour e Roni.
- Tainá Müller mostrou segurança e talento ao viver a arrogante e antipática Paula.
- Thiago Martins mandou tão bem na pele do perverso Vinícius que será desvencilhar o ator do personagem. Medo desse cara.
- Vale citar também o bom desempenho de outros nomes: Herson Capri (Cortez), Helena Fernandes (Gilda), Giovanna Lancellotti (Cecília), Camila Pitanga (Carol), Lázaro Ramos (André), Paloma Bernardi (Alice) e, nos primeiros capítulos, Fernanda Machado (Luciana). Todos muito bem em seus papéis.

Assim, "Insensato Coração" sai do ar como a melhor novela desde "A Favorita"




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