Assisto religiosamente à novela das nove, por diversos fatores e, um deles, é porque escrevo sobre o assunto, claro. Mas também, se fosse diferente, assistiria somente porque adoro uma trama e em especial as do horário nobre. Mesmo com as nítidas dificuldades enfrentadas por “Em família” – seu início confuso e o ritmo muitas vezes lento - , a história caminha para para suas últimas semanas de exibição e, nesta reta final, começou a esquentar mais.
O compasso da trama melhorou, ganhando uma vibe mais “novelão”. Exemplo disso são os desdobramentos do drama da personagem Juliana, que anda prendendo a atenção do telespectador - ou pelo menos a minha – , devido à boa interpretação de Marcelo Mello na pele de Jairo e de Vanessa Gerbelli como a própria Juliana. Outro motivo desse destaque é a temática abordada: adoção, maternidade x paternidade, violência doméstica, preconceito, tudo isso com uma criança no meio. Eis o tipo de assunto que costuma garantir audiência, algo já comprovado em outras novelas, como “Da cor do Pecado”.
A essa altura do campeonato, outro ponto que destaco é que anda ficando mais claro que Chica, personagem da Natália do Vale – uma mãe atenciosa, preocupada, que não abre mão da sua felicidade nem da dos que estão ao seu redor, que carrega os problemas de todos (filho, irmã, sobrinho, neta) sempre com uma leveza e sábia autoridade, se permitindo, mesmo no meio do caos, nunca esquecer de si-, conquistou com muito mais legitimidade o tom de ”heroína dos tempos modernos”, personalidade clássica nos trabalhos de Manoel Carlos, e que sempre é oferecida a uma personagem de nome Helena. Na trama atual, entretanto, é Julia Lemmertz que assume a missão de protagonista.
Verdade seja dita: Julia é uma das grandes atrizes da sua geração, mas seu papel foi apagado por uma história pessoal fraca e que a transformou mais em vítima que em heroína.
Fonte: Observatório Feminino
Nenhum comentário:
Postar um comentário