Essa entrevista foi mandada para gente pela fã Marilene Bueno.
Essa entrevista foi publicada pelo jornal O Globo no dia 9 de abril de 1989, lembram o que a Natália fazia?? Então agora é só conferir!Como Suzanne, de "Que rei sou eu?", apaixonada por Jean Pierre, o líder dos rebeldes de Avilan, Natália do Valle exercita todo seu lado romântico. A personagem vai às últimas conseqüências para defender seu amor evitando o marido imposto, o pérfido Vanoli. Entre um e outro, ela se agita, extravasando coragem, sedução e fantasia. Já a atriz vive uma realidade que define como um recomeço, construindo uma nova casa e nova vida
A ingenuidade de Suzanne, ao contrário da malícia de suas personagens anteriores, motiva Natália do Valle. Enquanto em "Cambalacho", como Andréia, ela enfrentou pela primeira vez o estigma de maldita, e em "O outro" fez de Laura uma mulher má e sofredora, chegou a vez, na novela de Cassiano Gabus Mendes, de voltar-se para a fantasia a criação de uma mulher do século XVIII que demorou mas encontrou seu primeiro e verdadeiro amor.
Nada é mais instigante do que variar na arte de interpretar e, com Suzanne, Natália redescobre as novelas de época, matando as saudades do tempo de "A moreninha", de 1975, quando fez um papel pequeno, ainda no início da carreira. Agora, envolvida num casamento de conveniências com o maquiavélico conselheiro Vanoli Berval (Jorge Dória), ela pode delinear uma nova linha de interpretação.
- Eu estava acostumada a fazer mulheres obstinadas, seguras, com caráter determinado, e agora assumo o lado oposto, da personagem insegura, frágil, mas que tem, como as outras, enorme força, que tira do amor. Suzanne vive para o amor.
Ela também é cheia de sedução, ternura, avalia a atriz, que se encanta com a pureza retratada em Suzanne. Parece mais um tipo saído dos contos de fada, assim como o valente e impetuoso Jean Pierre (Edson Celulari), o alvo desse grande amor, que ora empunha a espada ora declama poesias, no afã de conquistá-la.
E muito romantismo, que Natália aceita com bom-humor - "Eu me divirto todos os dias" - mesmo que tenha que se submeter às roupas pesadas de época, perucas, chapéus e os mais variados adereços, para enfrentar o ambiente da corte do século XVIII. E que, em dias de muito calor, as gravações na cidade cenográfica de Jacarepaguá se tornam um sacrifício, que ela enfrenta consciente de que o resultado vale a pena.
A novela é uma comédia, mas, se Natália já participou de muitas delas, nunca chegou a fazer humor. A e!a cabe mostrar seriedade, mesmo nas cenas divertidas, para lhes dar credibilidade. Até porque sua Suzanne vive em clima de perigo, com medo de que o marido descubra a relação amorosa com o rebelde Jean Pierre, e quase nunca respira aliviada.
A ansiedade que ela tem de viver e amar e que a leva a essas situações de perigo. O amor é mesmo a mola mestra na vida de Suzanne. Ela tem a chama da coragem despertada pelo amor por Jean Pierre.
Se hoje as pessoas têm medo de se relacionar, medo de aprofundar um envolvimento, achando mais fácil canalizar essa energia, esse desejo, para uma relação mais física, Suzanne se mostra diferente, o que encanta a atriz:
- Hoje está mais fácil desnudar o corpo do que a alma porque, na medida em que a pessoa expõe sentimentos, desejos, frustrações e medos, se torna vulnerável. E Suzanne não tem medo disso, ela se joga para esse oposto de hoje, o que é bonito nela. E se ela pode viver pouco, se pode vir a morrer por isso, não importa. O que ela vive agora vale por uma vida inteira.
O que virá para Suzanne - felicidade, morte ou qualquer outro destino - ela não sabe e, como demonstra estar se conscientizando de que o povo passa fome, é oprimido, que os conselheiros são corruptos, pode até tornar-se uma rebelde, como Jean Pierre.
Mas se o futuro da personagem é indefinido, Natália já programa o seu: para o final de "Que rei sou eu?", em agosto, pequenas férias e depois os ensaios de uma peça de Miguel Falabella. O terra e o encontro de quatro irmãs (Arlete Salles, Suzana Vieira e Louise Cardoso ou Júlia Lemmertz) na divisão de uma herança. E, uma vez mais, continuará fazendo comédia.
CASA NOVA, MOMENTO DE RECOMEÇO - Nunca Natália do Valle viveu período tão agitado: sai das gravações de ''Que rei sou eu?'' e se dedica à construção da
nova casa, que a leva a se envolver como engenheiro, decoração... E isso de comprar apartamento e reformá-lo inteirinho demonstra sua vontade de reformar a vida e os sentimentos, depois do fim do casamento de quase sete anos com o diretor Paulo Ubiratan.
Ela está outra vez morando sozinha e seu momento, em uma só palavra, é de, recomeça. E o melhor de tudo é que não se sente só, pois Paulo Ubiratan continua presente, como o "amigo permanente":
- Às vezes, é preciso um pouco de coragem que um casal se separe. Nós tivemos essa coragem, reconhecemos o desgaste da relação. E com o afastamento a gente se uniu de novo. Ficou então mais fácil nós nos reencontrarmos e reinventarmos o sentimento que nos uniu. Hoje estou mais próxima do Paulo numa ligação de mais afeto do que antes.
Ela diz que, em momentos de pânico, a primeira pessoa em que pensa é no ex-marido, contando sempre com ele, o que leva a dizer que a separação foi um ganho. Ambos estão mais felizes e Paulo a vem ajudando no novo apartamento, enquanto também monta o seu próprio canto.
O novo tempo é também de manter velhos hábitos, como reunir amigos, ouvir música, ler, fazer ginástica em academia. E de se apaixonar outra vez:
- Não vivo sem paixão. Eu preciso dela para estar feliz, trabalhando, produzir. Vivo hoje uma lua-de-mel com meu trabalho, minha casa, e também estou começando uma nova relação. Tenho um pouco esse lado romântico da Suzanne, gosto de estar apaixonada e de ter um colo. A figura masculina é importante, não a figura do homem repressor, que finge que protege, mas de alguém com quem eu possa contar, amar e me entregar. Com quem meu possa viver uma relação amorosa sem medo, sem reserva.
Obrigada pela matéria Marilene
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